Ensino de graduação
Os principais instrumentos definidos para a avaliação dos cursos de graduação da UFLA foram:
- Projetos Pedagógicos de curso (PPC)
- Metas da Pró-Reitoria de graduação
- Congruência dos PPCs ao PPI
- Mecanismos de avaliação de disciplinas, demais atividades acadêmicas e atuação docente;
- Percepção da comunidade acadêmica e sociedade local por meio de questionários;
- Resultados de desempenho discente no ENADE.
Desde o ano de 2001 a Pró-Reitoria de Graduação da UFLA vem implantando políticas de flexibilização curricular, emanadas pelo Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão (CEPE) da universidade. Anteriormente a esse processo todos os cursos de graduação da UFLA (à época sete cursos) apresentavam estrutura curricular totalmente modular e verticalizada, seguido o preceito de “currículo mínimo” estabelecido pelas diretrizes curriculares antigas do Conselho Nacional de Educação. Nesses últimos cinco anos todos os cursos passaram por um processo de reforma curricular simultânea, que permitiu a modificação do arcabouço regimental do ensino de graduação da instituição, bem como a criação de um espírito de inovação no meio acadêmico. A partir desse processo surgiram pela primeira vez na universidade os Projetos Pedagógicos de Curso, antes mesmo da elaboração do PDI e do PPI.
Os novos currículos dos cursos começaram a serem implantados em 2003 e até o momento vários ajustes se fazem necessários para o estabelecimento completo dos mesmos. No ano de 2004 foram também criados três novos cursos de graduação (Engenharia de Alimentos, Química e Ciências Biológicas) e no ano de 2006 os cursos de Educação física, Sistemas de Informação e Matemática, sendo que estes últimos não serão analisados no atual ciclo de avaliação institucional. Portanto o ensino de graduação na UFLA vive um momento de verdadeira revolução de conceitos e as análises críticas e recomendações feitas pela CPA devem ser contextualizadas à velocidade da evolução e aprimoramento desse novo sistema.
De modo geral, os projetos pedagógicos de todos os cursos oferecidos pela UFLA seguem um mesmo padrão ou modelo e, portanto, são bastante parecidos uns com os outros. As qualidades e falhas de cada projeto acabam sendo praticamente iguais para todos, mostrando muitos dados quantitativos padronizados e pouca análise qualitativa. Parâmetros qualitativos enriqueceriam muito cada projeto individual de curso, como é o caso do projeto pedagógico do curso de Química, onde se percebe “mãos” de educadores na sua construção, talvez devido à própria natureza do curso – Licenciatura.
Como os projetos pedagógicos dos cursos devem ser instrumentos de construção contínua, sendo re-alimentado a cada ano com dados novos, espera-se que os mesmos sejam aperfeiçoados e, neste sentido, a comissão própria de avaliação (CPA) da UFLA apresenta a seguir uma análise comparativa dos projetos pedagógicos dos cursos atualmente ofertados em nível de graduação (Administração, Agronomia, Ciências Biológicas, Ciência da Computação, Engenharia Agrícola, Engenharia de Alimentos, Engenharia Florestal, Medicina Veterinária, Química-Licenciatura e Zootecnia).
Todos os projetos pedagógicos dos cursos atendem satisfatoriamente as diretrizes curriculares do MEC, contemplando os campos de saber propostos, duração do curso, carga horária, incluindo o mínimo estabelecido para as atividades de Estágio Supervisionado, obrigatório em todos eles.
Os projetos pedagógicos de todos os cursos também estão coerentes com o perfil, a missão, os objetivos, diretrizes gerais e específicas e a gestão organizacional constantes do Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) e as metas para o ensino de graduação, a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão, os processos seletivos, a logística e infra-estrutura constantes no Projeto Pedagógico Institucional (PPI) da Universidade Federal de Lavras.
Apenas nos projetos pedagógicos dos cursos de Agronomia, Ciências Biológicas, Ciência da Computação, Engenharia Agrícola e Medicina Veterinária fica evidenciado de forma clara como o projeto foi construído coletivamente, com ampla participação da comunidade envolvida. Para os demais cursos (Administração, Engenharia de Alimentos, Engenharia Florestal, Química-Licenciatura e Zootecnia) existem menções apenas de que eles foram construídos de forma participativa, mas não é explicitado como isto ocorreu.
Com exceção do Curso de Medicina Veterinária, cujo projeto já evidencia resultados de uma avaliação e sinaliza propostas de mudanças, todos os demais projetos pedagógicos dos cursos da UFLA mencionam que o curso deverá ser avaliado, com a participação da comunidade, mas não é explicitado como isto será feito, que instrumentos serão utilizados para tal fim, qual a periodicidade desta avaliação, etc. Nos projetos dos cursos de Agronomia e Engenharia Agrícola é feita uma observação de que já existiu uma avaliação , anterior aos últimos cinco anos, mas que não teve continuidade. Fica portanto clara a falta de instrumentos definidos de acompanhamento seriado da qualidade dos cursos. Contudo, a atual equipe da Pró-Reitoria de Graduação elaborou um programa contínuo de avaliação da qualidade das disciplinas de graduação, bem como de docentes envolvidos e da estrutura administrativa dos cursos. Os instrumentos de avaliação desenvolvidos já foram aplicados à comunidade e os resultados devem ser divulgados em breve.
A flexibilidade curricular está presente em todos os projetos pedagógicos dos cursos. Comparativamente, a flexibilização é maior nos cursos de Agronomia e Engenharia de Alimentos, talvez devido à própria natureza do curso, bastante multidisciplinar. Em seguida, vem os cursos de Medicina Veterinária e Ciência da Computação que, por terem sido reformulados recentemente, apresentam uma razoável flexibilização. Já os demais cursos (Administração, Ciências Biológicas, Engenharia Agrícola, Engenharia Florestal, Química-Licenciatura e Zootecnia) precisam aumentar a flexibilização, principalmente com o envolvimento de outros cursos e departamentos didático-científicos da UFLA. No curso de Administração, por exemplo, a flexibilização praticamente fica limitada a apenas vinte e sete disciplinas eletivas, vinte e duas delas do próprio Departamento de Administração e Economia e as outras cinco oferecidas pelo Departamento de Ciência da Computação). Deve ser lembrado que a natureza das atividades flexibilizadas previstas no regimento da universidade é bastante ampla e privilegia a formação humana em diferentes vertentes. A proporção ótima de flexibilização deve ser ajustada à especificidade de cada curso de graduação, mas deve ser alvo de constante aprimoramento nos PPCs de cada curso.
Em apenas três projetos pedagógicos de cursos (Ciência da Computação, Engenharia de Alimentos e Medicina Veterinária) existe menção da última data de atualização dos mesmos. Nos demais projetos, apenas na capa de cada projeto, aparece o ano de 2006, ano que eles foram encaminhados à Comissão Própria de Avaliação para análises.
Em todos os projetos político pedagógicos verifica-se que o grau de qualificação dos docentes dos cursos é excelente, muito acima do mínimo considerado satisfatório pelo MEC para doutores, mestres e especialistas envolvidos. Entretanto, há a necessidade de que sejam ofertadas mais oportunidades de qualificação nos aspectos didático-pedagógicos dos docentes.
Com exceção aos cursos de Agronomia e Zootecnia, todos os demais projetos pedagógicos estão fortemente atrelados a um departamento didático científico. O curso de Administração ao Departamento de Administração e Economia. O de Ciências Biológicas ao Departamento de Biologia. O curso de Ciência da Computação ao Departamento de Ciência da Computação. O de Engenharia Agrícola ao Departamento de Engenharia. O curso de Engenharia de Alimentos ao Departamento de Ciência dos Alimentos. O de Engenharia Florestal ao Departamento de Ciências Florestais. O curso de Medicina Veterinária ao Departamento de Medicina Veterinária. O de química ao Departamento de Química. Como em todos os cursos, há o envolvimento de professores de outros departamentos, nos projetos pedagógicos de cada um deveria haver, por exemplo, referências às linhas de pesquisa e produção científica de outros departamentos e não só àquele que o curso está fortemente ligado. Assim, por exemplo, no projeto pedagógico do curso de Zootecnia só são apresentadas as linhas de pesquisa e produção científica do Departamento de Zootecnia. O mesmo acontece para os demais cursos, com exceção da Agronomia, como já mencionado.
Não existem atividades de acompanhamento de egressos em todos os cursos de graduação oferecidos pela UFLA. Há apenas menções em alguns projetos (por exemplo, o do curso de Administração) de que está sendo desenvolvido um projeto de acompanhamento dos egressos, mas não há nenhuma explicitação de como será feito. Contudo, o sistema de avaliação dos cursos de graduação que está sendo elaborado pela PRG prevê um mecanismo de acompanhamento e meta análise da evolução profissional dos egressos da universidade.
Nos projetos pedagógicos dos cursos de Agronomia, Ciências Biológicas, Engenharia Agrícola, Engenharia Florestal e Química , praticamente não existem referências quanto ao número de alunos do curso contemplados com bolsa de iniciação científica, monitoria remunerada, PET, bolsa de extensão, etc. Apenas são feitas citações de que estes programas existem para o corpo discente. No projeto do curso de Zootecnia são apresentados números, porém, referentes apenas ao ano de 2005. O projeto do curso de Engenharia de Alimentos menciona o número de alunos contemplados com bolsas de iniciação científica, mas não são citados quantos alunos se utilizam de outros programas sociais ou de extensão oferecidos pela universidade. Já os projetos pedagógicos dos cursos de Administração, Medicina Veterinária e Ciência da Computação apresentam uma evolução numérica, ao longo dos últimos anos, contemplando bolsas de iniciação científica, extensão, etc, mas não mencionam o número de alunos que se utilizam de outros programas sociais da UFLA.
Finalmente, os projetos pedagógicos dos cursos de Agronomia, Ciência da Computação, Engenharia Agrícola , Engenharia Florestal, Medicina Veterinária e Zootecnia apresentam as taxas de evasão nos últimos anos; entretanto, nenhuma análise ou comentário é feito a respeito do assunto. Os demais projetos (Administração, Ciências Biológicas, Ciência dos Alimentos e Química-Licenciatura) simplesmente não mencionam as taxas de evasão, que poderiam ser mais discutidas em todos os projetos de cursos, já que nossas taxas são mais baixas do que aquelas detectadas em outras instituições de ensino superior.
Ensino de Pós-Graduação
Na UFLA são desenvolvidas diversas atividades de pós-graduação nas modalidadesStricto Sensu e Lato Sensu. Nesse primeiro relatório somente os dados avaliativos da modalidade Stricto Sensu são apresentados.
Atualmente a Ufla possui 19 programas de mestrado e 15 programas de doutorado. Nos últimos anos a universidade tem estimulado a consolidação dos programas existentes e a criação de novos, de acordo com as competências estabelecidas e emergentes na instituição. A tabela 1 indica o número de alunos, teses/dissertações defendidas e conceito da CAPES, para o ano de 2005, dos Programas de Pós-Graduação da UFLA.
TABELA 1 – Teses e dissertações, número de alunos e conceitos atribuídos pela CAPES aos Programas de Pós-Graduação Stricto sensu da Universidade Federal de Lavras.
O número de alunos ingressantes nos Programas vem aumentando a cada ano (figura 1) demonstrando a expansão dos cursos, bem como a capacidade de atração de candidatos. Entre o período de 1005 e 2005 o aumento no número de alunos matriculados no mestrado foi de 42% e no doutorado de 425%.
FIGURA 1 – Número de alunos em programas de mestrado e doutorado, entre os anos de 1995 e 2005, na Universidade Federal de Lavras.
A quantidade de bolsas de mestrado e doutorado disponibilizadas por diferentes agências de fomento pode ser observada na tabela 2. Para ambas as modalidades de bolsa houve um crescimento de captação entre os anos de 2001 e 2005. Esse crescimento não acompanha a evolução do número de alunos apresentada na figura 1, mas está de acordo com as diretrizes do V Plano Nacional de Pós-Graduação da CAPES. Com as metas estabelecidas pela PRPG de aumento do conceito dos programas de pós-graduação da UFLA poderá também ocorrer o aumento da quantidade de bolsas nos próximos triênios.
TABELA 2: Número de bolsas de pós-graduação, por modalidade, ano e agência de fomento, captadas pela Universidade Federal de Lavras.
A tabela 3 mostra o montante de recursos captados junto a CAPES para manutenção dos programas de pós-graduação. O aumento do número de programas e o retorno da ULFA ao sistema PROF de financiamento da pós-graduação favoreceram o aumento de captação nos anos de 2004 e 2005. Além desses recursos, a captação realizada via projetos de pesquisa é uma forte mantenedora da pós-graduação na ULFA.
TABELA 3: Recursos da CAPES destinados aos programas de pós-graduação da Universidade Federal de Lavras, nos anos de 2001 a 2005.
Como pode ser visto na tabela 1 a UFLA ainda não possui programas de doutorado com conceitos atribuídos pela CAPES como 6 ou 7. Os principais parâmetros para atingir esse conceito são a publicação significativa de artigos em periódicos internacionais; a internacionalização do programa, com convênios celebrados e efetivos com entidades de pesquisa estrangeiras; o caráter de nucleação, ou seja, atuar como formador de pesquisadores para atuação em programas de pós-graduação de outras instituições; e ainda a atuação de solidariedade, demonstrada por associação de um determinado programa com cursos de pós-graduação de outras instituições em início de atividades ou com conceito mais baixo pela CAPES (como mestrados de nível 3 e doutorados de nível 4). Como foi discutido no item das atividades de pesquisa, ainda não foram estabelecidas na instituição ações para fomento de publicação de artigos em língua inglesa, como auxílio no custeio de tradução. Deve ser considerado ainda que o impacto de tal medida só resultará em mudança efetiva nos índices dos programas de pós-graduação nos próximos dois triênios. O item de solidariedade deve ser estimulado para os programas de nível 5.
Na UFLA os convênios com entidades estrangeiras são administrados pelo ESAI – Escritório de Assuntos Internacionais, órgão executivo da Reitoria. O plano de metas do ESAI propõe o aumento do número de convênios e a renovação dos já firmados pela instituição. Até o presente o ESAI firmou cinco convênios com instituições norte americanas, latino-americanas e européias. Desde 2004 oito professores da UFLA realizaram intercâmbio no exterior por meio de tais convênios. As atividades do ESAI são muito importantes para o processo de internacionalização da pós-graduação da UFLA, mas o plano de metas desse órgão não prevê um trabalho conjunto com a PRPG para aumento do número de convênios. A maior parte dos convênios internacionais são vinculados formalmente aos programas de pós-graduação e o ESAI poderá auxiliar o estabelecimento de novas parcerias. Ainda não foi também concretizada a participação efetiva de alunos em tais convênios, principalmente na modalidade de doutorado sanduíche.
Visando avaliar alguns aspectos da qualidade da pós-graduação Stricto sensu na ULFA foi elaborado um questionário de avaliação institucional para alunos de pós-graduação (Tabela 4).
Tabela 4: Resultados de avaliação dos Programas de Pós-Graduação da Universidade Federal de Lavras pelos alunos regularmente matriculados, 2006.
Quesito avaliado*
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Freqüência de respondentes que consideraram o quesito adequado/satisfatório
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Você conhece os objetivos do programa que você cursa?
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93%
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O programa possui estrutura curricular adequada?
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89%
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O programa promove atividades acadêmicas como cursos, seminários avançados, intercâmbio de pesquisadores, viagens etc que propiciem a qualificação dos alunos?
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68%
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O Programa oferece possibilidades efetivas de intercâmbio com outras instituições?
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63%
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O Programa dispõe de infra-estrutura de salas de aula, laboratórios e recursos audiovisuais adequados ao número de alunos?
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75%
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O seu projeto de dissertação ou tese possui recurso material suficiente para o alcance da proposição?
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70%
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A coordenação do Programa atua satisfatoriamente?
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88%
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O seu programa oferece algum treinamento formal com instruções de utilização do portal CAPES (www.periodicos.capes.gov.br) para busca bibliográfica?
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36%
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O Programa possui algum mecanismo para avaliação da qualidade das disciplinas constantes na estrutura curricular?
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25%
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Você considerou adequados os critérios de seleção quando do seu ingresso no curso de pós-graduação?
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85%
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* o resultado detalhado da pesquisa pode ser visto nos gráficos 1 a 10, questionário de alunos de pós-graduação, anexo 1.
Como pode ser observado as condições de trabalho e satisfação dos estudantes propiciam um ambiente adequado para a boa produtividade acadêmica. O resultado também reforça a necessidade de melhoria e aumento dos intercâmbios nacionais e internacionais que estimulem a participação dos alunos. Fica evidente também a necessidade de treinamento dos alunos para a utilização dos recursos disponíveis no portal Periódicos da CAPES. Esse portal foi estabelecido há poucos anos e muitos alunos desconhecem várias das ferramentas disponíveis, como os bancos de buscas por patentes, métodos de buscas avançadas etc. A avaliação de disciplinas também foi um item crítico apontado pelos alunos. Tradicionalmente a avaliação da pós-graduação é feita pela CAPES, que não possui ou aplica métodos para a verificação do andamento das disciplinas. Em termos pedagógicos essa avaliação pode ser interessante por ajudar a corrigir distorções e fomentar a inovação curricular.
Após discussões sobre a necessidade de um treinamento mais aprofundado de estudantes de pós-graduação em atividades de docência e maior interação com a graduação, A UFLA aprovou, em 2003, o Programa de Docência Voluntária de estudantes de Pós-Graduação Stricto Sensu. Esse programa estabelece que estudantes de mestrado (nos segundo e terceiro semestres de curso) e estudantes de doutorado (entre os terceiro e sétimo semestres do curso) possam, mediante concurso específico, atuar como professores em disciplinas de graduação da UFLA, com carga horária máxima de 6 horas semanais. Todas as atividades têm vigência semestral, são supervisionadas por um docente da instituição e o aluno recebe certificação da atividade desenvolvida por parte da PRPG. Trata-se de uma inovação na instituição, uma vez que disciplinas como Estágio Docência não propiciam um treinamento nos mesmos moldes. No ano de 2003 três estudantes participaram do programa, seguido de 12 estudantes em 2004 e 17 estudantes no ano de 2005. Isso demonstra que a comunidade acadêmica vem se adaptando ao novo programa e a perspectiva é o aumento de participantes nessa atividade nos próximos anos.